A construção de diferenças socioclimáticas nas escalas da camada limite urbana e da camada do dossel urbano em Santiago do Chile

Abstract

A Geografia Física Crítica estabeleceu novas demandas na Climatologia Geográfica Geral e na Climatologia Urbana, em particular. Com sua proposta de acabar com a dicotomia que prevalece no interior desta disciplina entre o estudo da natureza e da sociedade e na seleção de métodos quantitativos ou qualitativos, a Climatologia Urbana tem a oportunidade de proporcionar à sociedade antecedentes integrados sobre as características atmosféricas que resultam da transformação de territórios naturais em urbanizados, e das implicações sociais que determinam essas decisões nas cidades e metrópoles latinoamericanas, caracterizadas pelo predomínio da segregação socioambiental e uma crescente perda da qualidade climática e da qualidade de vida de seus habitantes. Em um estudo de caso comparativo entre as comunas (“conjunto de bairros”) Estación Central e Vitacura, por meio de análises multitemporais de imagens de satélite entre os anos de 2000 e 2019, bem como simulações microclimáticas nessas áreas, observou-se na escala da Camada Limite Urbana como o planejamento do uso da terra, o design da cidade e os tipos de construção aumentaram fortemente as temperaturas em cada comuna, embora com magnitudes diferentes, dependendo das características naturais das paisagens e das condições socioeconômicas da população. Na escala do dossel urbano, as densidades de ocupação, presença de áreas verdes, localização topológica de edifícios e geometria de ruas e avenidas resultam na geração de microclimas que afetam gravemente os grupos sociais mais vulneráveis da sociedade, consolidando as injustiças socioclimáticas.